É engraçado pensar em como as pessoas surgem em nossas vidas.
Mais ainda, é curioso entender o porquê delas permanecerem: afinidades,
interesses em comum ou, simplesmente, um afeto muito grande que une corações. Talvez,
desígnios do Alto que fogem ao nosso entendimento... Costumo dizer que nada é
por acaso e a vida me faz acreditar nisso todos os dias.
Como acontece em cada mudança de ciclo, faço um balanço
sobre as oportunidades que o Universo me deu, digerindo o que passou e fazendo das
experiências o combustível para me tornar uma pessoa melhor. Oro, agradeço os
caminhos floridos e também os percalços, agradeço aos que estiveram próximos,
me amando sem reservas e deixando que eu os ame do mesmo jeito.
Nesta semana em que acordei olhando para o mar, aproveitei o
deslumbrante espetáculo das águas turquesa caribenhas para algumas associações:
todos nós nos mostramos ao mundo exatamente como elas. Na beira da praia, o
oceano turquesa-claro é como aquela pessoa que pouco conhecemos, mas que
cintila em nossos olhos, nos levando a admirá-la por aquilo que enxergamos: uma
transparência rasa e cômoda, sem grandes novidades ou riscos.
Mais ou fundo, a água muda de cor e a pessoa turquesa-médio
é aquela que já conhecemos há algum tempo, sabemos bem sobre suas belezas vivas
e coloridas vistas a olho nu e, mais lindas ainda, se formos deixados mergulhar
em seu ser. Neste estágio, sabemos onde pisar – ou nadar – pois já existem
alguns fatores de risco que, mesmo não passando despercebidos, conseguimos compreender
e até relevar.
Por último, as pessoas turquesa-escuro, essas sim, aquelas
que convivemos todos os dias e que, mesmo que apresentem dificuldade para serem
desvendadas, sabemos que basta paciência e coragem para a desbravarmos. E é lá
que se encontra a mais estonteante beleza, aquela que só quem vai bem a fundo
sabe identificar. Formas, cores, brilhos, movimento, vida... É uma admiração
gigantesca, como as profundezas daquele mar. No entanto, é lá também, lá no
fundo bem fundo que se camufla uma mescla de situações e elementos que
nem sempre são agradáveis para nossa convivência – coisas que se não tivermos
sabedoria para desviar, podem até nos machucar.
É neste último estágio que definimos o amor pela nossa
família e pelos nossos amigos mais próximos. A beleza é
relativa para cada um mas quando conseguimos enxergá-la além da superfície, no
fundo do ser de alguém, é porque encontramos afinidades que não se destroem com
o tempo. E, indo mais além, quando enxergamos na profundeza de cada um todos os desconfortos efetivos daquela relação e, mesmo assim decidimos estar
ali, o amor já nos mostrou que tudo vale a pena.